segunda-feira, 6 de junho de 2011

O usufruto da dominação

Antes de qualquer comentário, há a necessidade de esclarecer que não somos agressores contra qualquer tipo de pregação ou prática religiosa, apenas apontaremos casos relacionados a essa pratica de influencia política através de uma dominação religiosa, sem generalizações ofensivas ou especificação de uma religião.

O povo brasileiro sofre, assim como todo o resto do mundo, diversos tipos de dominação. Considerando que o Brasil é predominantemente católico e, no entanto, possui muitas igrejas protestantes em suas esquinas, não há como negar a forte influencia religiosa que a população brasileira sofre. Sem enobrecer, ou deixar de escanteio as outras religiões, gostaríamos de evidenciar a dominação religiosa na questão eleitoral brasileira.

O número de brasileiros que se dizem evangélicos aumentou aproximadamente 16% em aproximadamente 50 anos, um aumento de quase 300%. No cenário político também são muito influentes, em 2007, na Câmara dos Deputados havia sete deputados bispos ou pastores, que representavam 1,25% do total, e no Senado dois eram líderes religiosos, ou seja, 2,5% da casa. Fica numericamente evidente que existe uma expressividade nesses valores, mas o mais interessante seria entender o motivo da preferência do eleitorado, por políticos religiosos. Uma hipótese seria a pregação de “pastores”, que levam o eleitorado seguir sua orientação (votar nele ou em outro indicado pelo mesmo), em função dos pressupostos da religião, através de uma visão fatalista. Além disso, a confiança adquirida pelo líder religioso para o voto está relacionada à concepção de um candidato perfeito, explicado pelo caráter pragmático assistencialista da igreja, tendo em vista que a Igreja exerce funções que seriam típicas do Estado e oferece produtos e serviços não acessíveis de outra maneira aos fiéis.

Ou seja, é visível que existe a dominação da religião em diversos fiéis, tanto por desconhecerem de política, quanto por acreditarem que aquele que prega a palavra de seu Deus, jamais os enganaria, sendo também mais sábio, mais próximo de um conhecimento divino. Uma terceira hipótese seria o contato com o político, pois ao considerar a semelhança de pensamentos que os levam a mesma religião, o eleitorado sente-se mais próximo, mais conhecedor do político, e inclusive mais cerca de fazer pedidos. É como se o homem, tivesse historicamente, uma dificuldade para produzir escolhas individuais, estando mais relacionado às decisões de atores coletivos. Neste sentido, grupos sociais, com interesses distintos aspirariam a votar no candidato ou partido que melhor representasse seus interesses. E seus interesses, estão em grande parte atrelados com as pregações religiosas, e os fies sequer notam essa situação, pois tem como verdade incontestável e incontestada tudo o que lhes foi passado. Um grupo manso, dominável.

Esse desconhecimento de dominação, em muito se assemelha ao desconhecimento por parte de muitos trabalhadores, que não observavam a exploração pela qual passavam. Essa exploração foi muito bem evidenciada por Karl Marx, especialmente em sua obra menos complexa, “Salário, Preço e Lucro”, e no “Manifesto Comunista”. É como se mais uma vez, um grupo não reconhecesse a subordinação, e para reagir necessitasse de mais um autor coletivo.

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